A História da
Química
Podemos definir que a
química é o ramo da ciência que estuda as alterações e transformações sofridas
pela matéria. Mas especificar a partir de qual momento o ser humano passou a
ter consciência da química é muito difícil. Provavelmente, um dos primeiros fenômenos
observados por nossos antepassados pré-históricos foi o fogo, provocado por
algum fenômeno natural. O domínio do fogo no período paleolítico, há 400.000
anos, foi um grande salto tecnológico, pois permitiu ao homem se aquecer
durante os períodos frios, caçar, iluminar as noites e espantar e os animais
que o ameaçavam. A verificação da mudança no sabor e na durabilidade de pedaços
de carne acidentalmente deixados perto de alguma fogueira provocaram mudanças
nos hábitos alimentares. Todas estas mudanças que o fogo trouxe certamente
provocaram uma melhoria das condições de vida.
A observação das transformações que a madeira, o solo e tudo que fosse atirado ao fogo sofriam enquanto eram queimados permitiu ao homem das cavernas produzir melhores ferramentas de cozinha: utensílios de barro cozido mais resistentes do que os de argila crua, pois tinham a superfície vitrificada pelo calor. No Neolítico o homem já produzia peças de cerâmica em fornos. O homem também aprendeu a produzir tintas primitivas a partir de carvão e minerais com diferentes colorações.
A observação das transformações que a madeira, o solo e tudo que fosse atirado ao fogo sofriam enquanto eram queimados permitiu ao homem das cavernas produzir melhores ferramentas de cozinha: utensílios de barro cozido mais resistentes do que os de argila crua, pois tinham a superfície vitrificada pelo calor. No Neolítico o homem já produzia peças de cerâmica em fornos. O homem também aprendeu a produzir tintas primitivas a partir de carvão e minerais com diferentes colorações.
Por volta de 6000 a. C.
o homem já conhecia o cobre e o ouro, que eram extraídos em seu estado metálico
diretamente do solo e trabalhados pela técnica de martelamento. Entre o período
que vai de 4000 a 3000 a. C. já se conhecia as técnicas de obtenção de cobre e
chumbo a partir de seus minérios, encontrados então muitas vezes na forma de
óxidos metálicos ou como sulfetos. O homem percebeu que a partir da mistura de
algumas rochas obtia-se uma liga metálica com propriedades diferentes em
comparação aos metais puros. Foi assim que se produziu o bronze (3000 a. C.),
uma liga de cobre (90%) e estanho (10%). A nova liga era facilmente moldada e
teve várias aplicações, sendo rapidamente difundida pelo Oriente Médio, Creta,
Grécia e Mediterrâneo. A sua utilização foi tão importante neste período que
passou-se a denominá-lo "Idade do Bronze". Entre 2000 e 1000 a. C.
foram fabricados os primeiros espelhos, que eram ligas de bronze com alto teor
de estanho e refletiam muita luz. A partir de 2000 a. C. foi introduzido nas
fundições o fole (que permitia a injeção de mais ar nos fornos) e teve início a
utilização do ferro.
A difícil metalurgia do ferro explica a utilização tardia do metal, que era obtido a partir dos seus óxidos metálicos. A temperatura de fusão do ferro não era alcançada e o ferreiro necessitava de repetir o longo ciclo de aquecimento dos minérios com carvão, resfriamento e martelamento para expulsar as impurezas por várias vezes até se obter o metal relativamente puro. Por essa época aprendeu-se a controlar as impurezas do ferro, produzindo-se o aço, que contém até 1,7% de carbono, e era muito utilizado na fabricação de espadas.
A difícil metalurgia do ferro explica a utilização tardia do metal, que era obtido a partir dos seus óxidos metálicos. A temperatura de fusão do ferro não era alcançada e o ferreiro necessitava de repetir o longo ciclo de aquecimento dos minérios com carvão, resfriamento e martelamento para expulsar as impurezas por várias vezes até se obter o metal relativamente puro. Por essa época aprendeu-se a controlar as impurezas do ferro, produzindo-se o aço, que contém até 1,7% de carbono, e era muito utilizado na fabricação de espadas.
Por volta do ano 1000
a. C. obteu-se mercúrio de seus minérios e descobriu-se que ele dissolvia
vários metais, formando amálgamas. Um dos principais empregos das amálgamas
naquela época era a aplicação de ouro sobre superfícies de bronze ou prata,
técnica conhecida como douração. A partir do ano 700 a. C. desenvolveu-se a
cunhagem de moedas, que auxiliaram na organização das sociedades e no
intercâmbio entre os povos da época. Na química doméstica, desenvolveu-se as
técnicas da salga e de defumação de carnes, que permitiu conservá-las por
longos períodos de tempo, e a utilização dos produtos gasosos da queima de
enxofre como desinfetante. A descoberta da fermentação permitiu a produção
cerveja (6000 a. C.), de vinhos de tâmara e de uva (4000 a. C.) e de vinagre. A
conservação de peles utilizando compostos vegetais era uma herança da pré-história.
A tinturaria também já era conhecida a muito e o emprego de corantes minerais
como cosméticos já era prática comum dos egípcios. A mumificação de cadáveres
era uma técnica utilizada comumente no Egito, bem como a destilação e extração
de produtos naturais a partir de plantas. Os egípcios também conheciam o gesso
e dominavam a produção de vidro colorido desde o século XIV a. C..
A alquimia surgiu em
cerca 300 d.C. em Alexandria, no Egito, e se espandiu pela Europa nos séculos
seguintes, até cerca de 1400 d.C.. Seus praticantes, os alquimistas, se
inspiraram nas concepções gregas sobre a constituição da matéria e do Universo
para tentar buscar a Pedra Filisofal e o Elixir da Longa Vida.
Duas correntes de
pensamento sobre a constituição da matéria dividiam os gregos. A primeira
teoria (teoria dos elementos) propunha que a matéria seria divisível até o
infinito, e que as substâncias eram formadas pela combinação dos quatro
elementos fundamentais, terra, fogo, água, ar e, além dos quatro elementos, as
qualidades quente, seco, frio e úmido. Cada par de qualidades definiriam um
elemento:
Para se transmutar um elemento em outro seria necessário operar sobre uma das qualidades do par.
Para se transmutar um elemento em outro seria necessário operar sobre uma das qualidades do par.
A teoria atômica
defendia que a matéria seria divisível até um determinado ponto e a partir
deste ponto seria indivisível. Estes blocos indivisíveis seriam os
"átomos" e as substâncias seriam formadas pela combinação dos átomos.
Dessa forma, uma substância sólida é dura pois seus átomos estariam muito
entrelaçados e presos por ganchos e uma substância líquida seria mole porque
seus átomos seriam lisos e redondos.
Mas a Idade Média foi
uma época em que o homem tinha seu espírito muito preocupado com a salvação e a
divindade. A teoria atômica, por ser uma teoria materialista, não teve sucesso.
Só no período da Renascença, quando o homem volta a ter um pensamento mais
humanista, é que as concepções atômicas são valorizadas.
Os alquimistas eram
pessoas com grandes conhecimentos práticos de metalurgia, química e astronomia
e que buscavam nas teorias gregas as explicações para a transformação da
matéria. Eles não tinham a intenção de investigar ou pesquisar, mas de buscar a
revelação da Pedra Filosofal, que transformaria metais em ouro, e do Elixir da
Longa Vida que curaria todas as doenças e daria a vida eterna.
Nessa busca por suas
revelações, eles desenvolveram e melhoraram várias técnicas, como produção e
fusão de ligas metálicas, destilação, sublimação, calcinação, dissolução,
filtração e cristalisação. Nessa época foi inventado por uma alquimista, Maria
de Alexandria, o "banho-maria".
Entre as principais
substâncias descobertas pelos alquimistas estão a potassa (KOH), cloreto de
amônio, óxido de zinco e sulfatos de vários metais. Eles também preparavam o
ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico, água régia e etanol. Os
alquimistas faziam geralmente ensaios por via seca, o que calcinava as
amostras, de modo que somente a parte inorgânica das substâncias era
trabalhada.
Dois Exemplos de
"Experiências Alquimistas"
Em um cadinho feito com
cinzas de ossos calcinados colocava-se um pedaço de chumbo. O cadinho era então
aquecido ao ar e o chumbo se fundia e oxidava-se. No fundo do cadinho aparecia
às vezes prata metálica. Para os alquimistas isto era prova de transmutação do
chumbo em prata, mas na verdade trata-se do processo de copelação da prata, que
aparece como um contaminante natural do chumbo. Quando o chumbo foi aquecido,
formou-se o óxido de chumbo, que é um pó muito fino e se parece com cinzas.
Quando se retira estas cinzas fica-se somente com a prata metálica.
Em uma solução de
vítrolo azul (sulfato de cobre) colocava-se um pedaço de ferro. Após algum
tempo, o ferro desaparecia e formava-se no fundo do recipiente um pó, que
depois de filtrado e fundido verificava-se que era cobre metálico. Os
alquimistas consideravam isto como a transmutação do ferro em cobre, pois eles
não sabiam que o cobre já estava em solução, mas sabemos que se trata de uma
reação de óxido-redução, onde o ferro foi oxidado e o cobre foi reduzido.
A História da
Química
Podemos definir que a
química é o ramo da ciência que estuda as alterações e transformações sofridas
pela matéria. Mas especificar a partir de qual momento o ser humano passou a
ter consciência da química é muito difícil. Provavelmente, um dos primeiros fenômenos
observados por nossos antepassados pré-históricos foi o fogo, provocado por
algum fenômeno natural. O domínio do fogo no período paleolítico, há 400.000
anos, foi um grande salto tecnológico, pois permitiu ao homem se aquecer
durante os períodos frios, caçar, iluminar as noites e espantar e os animais
que o ameaçavam. A verificação da mudança no sabor e na durabilidade de pedaços
de carne acidentalmente deixados perto de alguma fogueira provocaram mudanças
nos hábitos alimentares. Todas estas mudanças que o fogo trouxe certamente
provocaram uma melhoria das condições de vida.
A observação das transformações que a madeira, o solo e tudo que fosse atirado ao fogo sofriam enquanto eram queimados permitiu ao homem das cavernas produzir melhores ferramentas de cozinha: utensílios de barro cozido mais resistentes do que os de argila crua, pois tinham a superfície vitrificada pelo calor. No Neolítico o homem já produzia peças de cerâmica em fornos. O homem também aprendeu a produzir tintas primitivas a partir de carvão e minerais com diferentes colorações.
A observação das transformações que a madeira, o solo e tudo que fosse atirado ao fogo sofriam enquanto eram queimados permitiu ao homem das cavernas produzir melhores ferramentas de cozinha: utensílios de barro cozido mais resistentes do que os de argila crua, pois tinham a superfície vitrificada pelo calor. No Neolítico o homem já produzia peças de cerâmica em fornos. O homem também aprendeu a produzir tintas primitivas a partir de carvão e minerais com diferentes colorações.
Por volta de 6000 a. C.
o homem já conhecia o cobre e o ouro, que eram extraídos em seu estado metálico
diretamente do solo e trabalhados pela técnica de martelamento. Entre o período
que vai de 4000 a 3000 a. C. já se conhecia as técnicas de obtenção de cobre e
chumbo a partir de seus minérios, encontrados então muitas vezes na forma de
óxidos metálicos ou como sulfetos. O homem percebeu que a partir da mistura de
algumas rochas obtia-se uma liga metálica com propriedades diferentes em
comparação aos metais puros. Foi assim que se produziu o bronze (3000 a. C.),
uma liga de cobre (90%) e estanho (10%). A nova liga era facilmente moldada e
teve várias aplicações, sendo rapidamente difundida pelo Oriente Médio, Creta,
Grécia e Mediterrâneo. A sua utilização foi tão importante neste período que
passou-se a denominá-lo "Idade do Bronze". Entre 2000 e 1000 a. C.
foram fabricados os primeiros espelhos, que eram ligas de bronze com alto teor
de estanho e refletiam muita luz. A partir de 2000 a. C. foi introduzido nas
fundições o fole (que permitia a injeção de mais ar nos fornos) e teve início a
utilização do ferro.
A difícil metalurgia do ferro explica a utilização tardia do metal, que era obtido a partir dos seus óxidos metálicos. A temperatura de fusão do ferro não era alcançada e o ferreiro necessitava de repetir o longo ciclo de aquecimento dos minérios com carvão, resfriamento e martelamento para expulsar as impurezas por várias vezes até se obter o metal relativamente puro. Por essa época aprendeu-se a controlar as impurezas do ferro, produzindo-se o aço, que contém até 1,7% de carbono, e era muito utilizado na fabricação de espadas.
A difícil metalurgia do ferro explica a utilização tardia do metal, que era obtido a partir dos seus óxidos metálicos. A temperatura de fusão do ferro não era alcançada e o ferreiro necessitava de repetir o longo ciclo de aquecimento dos minérios com carvão, resfriamento e martelamento para expulsar as impurezas por várias vezes até se obter o metal relativamente puro. Por essa época aprendeu-se a controlar as impurezas do ferro, produzindo-se o aço, que contém até 1,7% de carbono, e era muito utilizado na fabricação de espadas.
Por volta do ano 1000
a. C. obteu-se mercúrio de seus minérios e descobriu-se que ele dissolvia
vários metais, formando amálgamas. Um dos principais empregos das amálgamas
naquela época era a aplicação de ouro sobre superfícies de bronze ou prata,
técnica conhecida como douração. A partir do ano 700 a. C. desenvolveu-se a
cunhagem de moedas, que auxiliaram na organização das sociedades e no
intercâmbio entre os povos da época. Na química doméstica, desenvolveu-se as
técnicas da salga e de defumação de carnes, que permitiu conservá-las por
longos períodos de tempo, e a utilização dos produtos gasosos da queima de
enxofre como desinfetante. A descoberta da fermentação permitiu a produção
cerveja (6000 a. C.), de vinhos de tâmara e de uva (4000 a. C.) e de vinagre. A
conservação de peles utilizando compostos vegetais era uma herança da pré-história.
A tinturaria também já era conhecida a muito e o emprego de corantes minerais
como cosméticos já era prática comum dos egípcios. A mumificação de cadáveres
era uma técnica utilizada comumente no Egito, bem como a destilação e extração
de produtos naturais a partir de plantas. Os egípcios também conheciam o gesso
e dominavam a produção de vidro colorido desde o século XIV a. C..
A alquimia surgiu em
cerca 300 d.C. em Alexandria, no Egito, e se espandiu pela Europa nos séculos
seguintes, até cerca de 1400 d.C.. Seus praticantes, os alquimistas, se
inspiraram nas concepções gregas sobre a constituição da matéria e do Universo
para tentar buscar a Pedra Filisofal e o Elixir da Longa Vida.
Duas correntes de
pensamento sobre a constituição da matéria dividiam os gregos. A primeira
teoria (teoria dos elementos) propunha que a matéria seria divisível até o
infinito, e que as substâncias eram formadas pela combinação dos quatro
elementos fundamentais, terra, fogo, água, ar e, além dos quatro elementos, as
qualidades quente, seco, frio e úmido. Cada par de qualidades definiriam um
elemento:
Para se transmutar um elemento em outro seria necessário operar sobre uma das qualidades do par.
Para se transmutar um elemento em outro seria necessário operar sobre uma das qualidades do par.
A teoria atômica
defendia que a matéria seria divisível até um determinado ponto e a partir
deste ponto seria indivisível. Estes blocos indivisíveis seriam os
"átomos" e as substâncias seriam formadas pela combinação dos átomos.
Dessa forma, uma substância sólida é dura pois seus átomos estariam muito
entrelaçados e presos por ganchos e uma substância líquida seria mole porque
seus átomos seriam lisos e redondos.
Mas a Idade Média foi
uma época em que o homem tinha seu espírito muito preocupado com a salvação e a
divindade. A teoria atômica, por ser uma teoria materialista, não teve sucesso.
Só no período da Renascença, quando o homem volta a ter um pensamento mais
humanista, é que as concepções atômicas são valorizadas.
Os alquimistas eram
pessoas com grandes conhecimentos práticos de metalurgia, química e astronomia
e que buscavam nas teorias gregas as explicações para a transformação da
matéria. Eles não tinham a intenção de investigar ou pesquisar, mas de buscar a
revelação da Pedra Filosofal, que transformaria metais em ouro, e do Elixir da
Longa Vida que curaria todas as doenças e daria a vida eterna.
Nessa busca por suas
revelações, eles desenvolveram e melhoraram várias técnicas, como produção e
fusão de ligas metálicas, destilação, sublimação, calcinação, dissolução,
filtração e cristalisação. Nessa época foi inventado por uma alquimista, Maria
de Alexandria, o "banho-maria".
Entre as principais
substâncias descobertas pelos alquimistas estão a potassa (KOH), cloreto de
amônio, óxido de zinco e sulfatos de vários metais. Eles também preparavam o
ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico, água régia e etanol. Os
alquimistas faziam geralmente ensaios por via seca, o que calcinava as
amostras, de modo que somente a parte inorgânica das substâncias era
trabalhada.
Dois Exemplos de
"Experiências Alquimistas"
Em um cadinho feito com
cinzas de ossos calcinados colocava-se um pedaço de chumbo. O cadinho era então
aquecido ao ar e o chumbo se fundia e oxidava-se. No fundo do cadinho aparecia
às vezes prata metálica. Para os alquimistas isto era prova de transmutação do
chumbo em prata, mas na verdade trata-se do processo de copelação da prata, que
aparece como um contaminante natural do chumbo. Quando o chumbo foi aquecido,
formou-se o óxido de chumbo, que é um pó muito fino e se parece com cinzas.
Quando se retira estas cinzas fica-se somente com a prata metálica.
Em uma solução de
vítrolo azul (sulfato de cobre) colocava-se um pedaço de ferro. Após algum
tempo, o ferro desaparecia e formava-se no fundo do recipiente um pó, que
depois de filtrado e fundido verificava-se que era cobre metálico. Os
alquimistas consideravam isto como a transmutação do ferro em cobre, pois eles
não sabiam que o cobre já estava em solução, mas sabemos que se trata de uma
reação de óxido-redução, onde o ferro foi oxidado e o cobre foi reduzido.
Fonte: Diretório Acadêmico do Curso de Licenciatura em Química UFSM
Disponível em: http://coral.ufsm.br/daquil/pag-div-hisa.html
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